Metal Gear Solid Delta: Snake Eater Review


Metal Gear Solid Delta: Snake Eater chega como um dos remakes mais aguardados dos últimos anos. Revisitar a selva soviética de 1964 não é apenas jogar novamente um clássico, mas reviver um momento que definiu os rumos da franquia Metal Gear e até mesmo a forma como o stealth seria tratado na indústria. Jogando no Xbox Series X, pude mergulhar de volta na jornada de Naked Snake, desta vez em um pacote modernizado que respeita profundamente o original, mas que também traz retoques técnicos e de jogabilidade dignos da nova geração.

A narrativa continua sendo um dos pontos mais altos da experiência. Ambientada em plena Guerra Fria, a história coloca Snake em uma missão de infiltração para resgatar o cientista Nikolai Sokolov e impedir que o tanque nuclear Shagohod seja concluído. Mais do que isso, o jogo explora temas de lealdade, traição, ideologia e patriotismo de uma forma que, mesmo duas décadas depois, ainda soa atual e impactante. As relações entre Snake e The Boss, assim como os dilemas que ele enfrenta, são retratados de maneira tão intensa que fica impossível não se envolver emocionalmente.




A ambientação da selva soviética é recriada com uma riqueza de detalhes impressionante. O uso da Unreal Engine 5 trouxe um salto gráfico notável, com vegetação densa, iluminação realista e texturas que deixam o ambiente vivo e, ao mesmo tempo, hostil. Jogar no Xbox Series X é uma experiência imersiva, e o design sonoro acompanha à altura: cada passo, cada disparo e cada chamada no rádio soa limpo e envolvente, reforçando o clima de espionagem e sobrevivência.

Falando em sobrevivência, o sistema de camuflagem e tratamento de ferimentos permanece como um dos elementos mais inovadores da época e que ainda funciona perfeitamente bem hoje. Trocar uniformes e pinturas faciais de acordo com o ambiente, caçar animais para se alimentar e cuidar de cortes ou fraturas são detalhes que aumentam a imersão e lembram constantemente que Snake não é um super-herói, mas um soldado que depende de preparo e estratégia para sobreviver.

Outro destaque é o sistema de combate corpo a corpo, o famoso CQC (Close Quarters Combat), que foi refinado. As animações são muito mais fluidas, e o peso dos golpes transmite uma sensação de realismo maior. A possibilidade de agarrar inimigos, imobilizá-los ou até interrogá-los ganha mais impacto com os novos controles, que tornam a experiência mais responsiva e satisfatória. É fácil perceber como o remake buscou aproximar essa parte da jogabilidade do que vimos em The Phantom Pain, mas sem perder a essência original.




As boss fights continuam sendo momentos memoráveis. A Unidade Cobra é um dos conjuntos de vilões mais criativos e marcantes da história dos videogames. O duelo contra The End, em especial, permanece uma obra-prima de design de jogo. Agora, com gráficos atualizados e controles modernizados, a batalha se torna ainda mais intensa, mesmo que alguns jogadores possam achar que ela ficou ligeiramente mais fácil devido à nova câmera em terceira pessoa. Ainda assim, é um dos ápices da experiência e mostra como Kojima sempre esteve à frente do seu tempo.

A Konami optou por oferecer dois modos de câmera: o Legacy, que simula a visão clássica com ângulo superior, e o New Style, que coloca o jogador em uma perspectiva moderna de terceira pessoa. A segunda opção é, sem dúvida, a mais confortável para a maioria, especialmente no Xbox Series X, onde a fluidez dos controles casa perfeitamente com a precisão dos combates e a movimentação estratégica pela selva. Essa escolha de acessibilidade é um acerto, já que respeita tanto os veteranos quanto novos jogadores.

Outro ponto positivo são as melhorias de qualidade de vida implementadas. Agora é possível trocar rapidamente entre uniformes usados recentemente, facilitando a adaptação às diferentes áreas. Há também dicas personalizáveis para quem prefere uma experiência mais guiada e até opções de acessibilidade que tornam o jogo mais inclusivo. Essas pequenas adições fazem diferença sem comprometer a essência do original.




Além da campanha principal, Delta traz de volta modos extras que eram muito queridos pelos fãs, como Snake vs Monkey, além dos colecionáveis clássicos, os Kerotan frogs, e a adição dos GA-KO ducks, que oferecem um desafio extra para quem gosta de exploração completa. Essas inclusões reforçam a sensação de que este remake não é apenas um relançamento, mas uma celebração de tudo o que Snake Eater representou.

Durante a campanha, que gira em torno de 12 a 14 horas, a experiência se mantém intensa. Não há momentos de enrolação, e cada trecho do jogo parece ter sido pensado para oferecer variedade e desafio. A estrutura linear pode parecer antiquada para alguns, mas, na prática, é justamente o que garante que a narrativa e a jogabilidade caminhem de mãos dadas, entregando ritmo e propósito.

Tecnicamente, o jogo roda de forma sólida no Xbox Series X. Encontrei raríssimos bugs ou falhas de IA que comprometessem a jogabilidade. A performance é estável, e os carregamentos são extremamente rápidos, quase instantâneos. Isso contribui para que a imersão não seja quebrada e que a transição entre áreas se mantenha fluida, algo que valoriza ainda mais a experiência.



Um ponto que ainda pode dividir opiniões são as longas cutscenes. Elas são um traço característico da franquia e contribuem para a atmosfera cinematográfica, mas é verdade que algumas soam longas demais ou até mesmo datadas em termos de diálogo. No entanto, para quem entende que Metal Gear sempre foi mais do que um jogo de ação, essas cenas são parte essencial do pacote.

No geral, Metal Gear Solid Delta: Snake Eater consegue o que parecia quase impossível: modernizar um clássico absoluto sem destruir sua identidade. O remake respeita cada detalhe do original, ao mesmo tempo em que oferece refinamentos técnicos que tornam a experiência mais agradável e acessível para novos jogadores. Não é um jogo que tenta reinventar a fórmula, mas sim um tributo fiel a uma das maiores obras de Hideo Kojima, agora sob a tutela da Konami.




Para mim, revisitar Snake Eater nessa versão foi como reviver uma parte fundamental da história dos videogames, mas com o frescor de algo atual. Delta não é apenas nostalgia, é também a prova de que certas experiências permanecem atemporais. O resultado final é um jogo que merece ser chamado de obra-prima novamente, mesmo 20 anos depois.

Agradeço à Konami Brasil por ter cedido a chave do jogo no Xbox Series X para esta análise.

Desempenho10
Gráficos10
Gameplay10
Trilha Sonora9

Positivo

-Visual impressionante com gráficos em Unreal Engine 5 e ambientação da selva belíssima
-Sistema de stealth e camuflagem que continua inovador e divertido
Boss fights marcantes e inesquecíveis, com destaque para The End

Contra

- Dificuldade de algumas boss fights reduzida pela nova câmera

9,5
Nota

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