Tive a oportunidade de jogar Star Wars Outlaws em sua versão portada para o Nintendo Switch 2, algo que há pouco tempo parecia impensável. Sempre existiu uma dúvida sobre como um jogo tão ambicioso da Ubisoft poderia rodar em um console híbrido, e essa curiosidade se somou ao desejo de finalmente experimentar a aventura de Kay Vess em um universo aberto de Star Wars. A boa notícia é que o resultado surpreende de maneiras que eu não esperava, entregando uma experiência envolvente e, mesmo com concessões técnicas, capaz de mostrar o potencial dessa nova geração portátil da Nintendo.
Antes de mais nada, é importante agradecer à Ubisoft pelo envio antecipado da cópia que possibilitou a produção deste review. Sem esse apoio, não seria possível analisar em detalhes o desempenho do jogo no Switch 2, especialmente em comparação às versões de outros consoles. Essa avaliação foca exclusivamente no desempenho, qualidade e diversão da versão híbrida, sem ignorar os desafios de trazer um jogo de mundo aberto tão robusto para um hardware mais contido.A narrativa de Star Wars Outlaws acontece entre Uma Nova Esperança e O Império Contra-Ataca, período fértil para explorar o submundo da galáxia. Jogamos como Kay Vess, uma ladra carismática que sonha com um grande golpe capaz de mudar sua vida. Acompanhada de seu parceiro alienígena Nix e do droide ND-5, ela se vê envolvida em conspirações, alianças e traições com facções criminosas como os Pyke Syndicate, o Cartel dos Hutt e a Crimson Dawn. A trama foge do tradicional foco em Jedi e Sith, abraçando o lado mais sujo e realista de Star Wars, algo refrescante para quem busca uma nova perspectiva dentro desse universo.
O roteiro brilha justamente por não tentar ser uma epopeia galáctica focada na Força, mas sim uma história sobre sobrevivência, escolhas e reputação. Kay é uma protagonista divertida, espirituosa e cheia de falhas, o que a torna humana e crível. Suas interações com ND-5 são um destaque à parte: ele é pragmático e calculista, e esse contraste com a impulsividade de Kay cria diálogos naturais e memoráveis. As missões principais carregam bem essa dinâmica e fazem o jogador se importar com cada decisão tomada, já que facções reagem de formas diferentes às escolhas da protagonista.
O gameplay mistura furtividade, ação em terceira pessoa e exploração espacial de maneira equilibrada. As seções de stealth são opcionais na maioria das vezes, permitindo ao jogador escolher entre uma abordagem silenciosa ou confrontos abertos com blasters. O combate é variado, com possibilidade de customizar disparos e usar habilidades especiais como a Adrenalina, que desacelera o tempo para eliminar múltiplos inimigos de forma cinematográfica. Essa liberdade de escolha garante que cada jogador construa sua própria versão de Kay Vess. Outro ponto alto é a participação de Nix durante as missões. Ele não é apenas um companheiro fofo, mas uma ferramenta útil: pode distrair inimigos, coletar itens e até sabotar alarmes. Isso abre alternativas criativas durante as fases, reforçando a sensação de que Kay nunca está sozinha. Já as perseguições em speeder bikes e os combates espaciais com a nave Trailblazer oferecem variedade, mesmo que a experiência no espaço ainda soe mais pesada e menos dinâmica do que deveria. A progressão de personagem em Outlaws também foge do comum. Não há apenas uma árvore de habilidades para preencher com pontos de experiência, mas sim a necessidade de encontrar especialistas espalhados pela galáxia que desbloqueiam novos recursos. Esse sistema incentiva a exploração, já que muitas vezes é preciso realizar missões específicas ou conquistar a confiança de certas facções para liberar melhorias importantes. Esse design cria uma ligação orgânica entre narrativa, gameplay e evolução de personagem.
O sistema de reputação é outro aspecto que se destaca. Suas escolhas influenciam diretamente como o mundo reage a você. Ajudar uma facção pode trazer benefícios como missões exclusivas e descontos em itens, mas ao mesmo tempo desperta a fúria de outra, que pode mandar caçadores de recompensas atrás de Kay. Essa constante sensação de risco dá vida ao universo e faz com que nenhuma missão pareça irrelevante. É um elemento que aumenta a rejogabilidade e cria histórias emergentes para cada jogador.
Falando do Switch 2, a grande dúvida sempre foi sobre a performance. O port, para minha surpresa, é muito competente. O jogo roda a 30 quadros por segundo na maior parte do tempo, com pequenas quedas em áreas mais populosas ou durante explosões. O uso de tecnologias como ray tracing simplificado e escalonamento de resolução ajuda a manter uma boa apresentação gráfica, principalmente no modo docked, onde a imagem alcança 1440p com DLSS. Já no modo portátil, o jogo trava em 720p, mas o tamanho reduzido da tela disfarça melhor as concessões visuais. Não é perfeito, claro. Há pop-in de texturas perceptível, sombras que demoram a carregar e algumas cenas mais movimentadas sofrem para manter a estabilidade. No entanto, considerando a escala do jogo, é impressionante ver que a experiência geral foi preservada. A imersão permanece intacta e, ao contrário de ports problemáticos do antigo Switch, aqui temos um produto que transmite confiança. Dá para jogar de forma portátil sem sentir que está abrindo mão do coração do jogo. Outro detalhe interessante é a implementação do HD Rumble e do uso dos gatilhos adaptáveis no Switch 2. Atirar com um blaster tem impacto, dirigir uma speeder transmite vibrações sutis que lembram as irregularidades do terreno, e até abrir cofres ou hackear terminais traz retorno tátil convincente. Esses pequenos toques ajudam a dar identidade própria à versão do Switch 2, em vez de ser apenas uma versão reduzida. Os conteúdos adicionais lançados após o lançamento original já estão inclusos no cartucho digital, o que é um bônus interessante para quem perdeu as expansões nas versões de console e PC. Isso significa que o jogador terá acesso imediato a novas missões e narrativas extras, prolongando a vida útil do jogo sem custos adicionais. É um diferencial importante para quem escolhe começar a aventura direto no Switch 2.
Mesmo com limitações técnicas, Star Wars Outlaws no Switch 2 se destaca como um dos ports mais ambiciosos e competentes já feitos para a plataforma da Nintendo. Não alcança o mesmo nível visual de um PS5 ou PC de ponta, mas cumpre a missão de entregar uma aventura completa, divertida e portátil. E mais do que isso: prova que o Switch 2 pode receber grandes jogos sem depender de versões drasticamente mutiladas.
Ao final da jornada, fica claro que Outlaws não é apenas mais um jogo de mundo aberto da Ubisoft com skin de Star Wars. Ele constrói sua própria identidade com personagens cativantes, decisões de peso e um equilíbrio entre narrativa e gameplay. Para os fãs da franquia, é um prato cheio; para quem busca um bom jogo de ação em terceira pessoa, é uma opção sólida; e para quem quer ver o Switch 2 brilhar com ports ambiciosos, é um exemplo de que esse futuro já chegou.
O código do jogo para fazer essa review foi cedido pela Ubisoft Brasil a qual eu agradeço!
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