Ninja Gaiden 4 Review



Poucos nomes no mundo dos jogos de ação carregam tanto peso quanto Ninja Gaiden. A franquia, nascida nos tempos do NES e reformulada com maestria no Xbox original, sempre foi sinônimo de reflexos afiados, dificuldade brutal e combates intensos. Após o polêmico Ninja Gaiden 3: Razor’s Edge, a série entrou em um longo período de silêncio, levando muitos a crer que o lendário Ryu Hayabusa jamais retornaria. No entanto, mais de uma década depois, Ninja Gaiden 4 surge não apenas como um renascimento, mas como uma reinterpretação completa da fórmula  fruto de uma improvável, porém genial parceria entre a Team Ninja e a Platinum Games.Desde o primeiro momento, é evidente que Ninja Gaiden 4 não é apenas uma sequência direta, mas um novo começo. A Team Ninja empresta o DNA técnico e punitivo da série, enquanto a Platinum traz o ritmo estilizado e cinematográfico que consagrou títulos como Bayonetta e Metal Gear Rising. O resultado é uma experiência que equilibra brutalidade e elegância em doses medidas, criando uma fusão rara de estilos que revitaliza completamente o conceito de combate ninja. Jogando no PlayStation 5, é impossível não perceber o quão fluido, responsivo e visualmente impactante o jogo se tornou  uma verdadeira vitrine da nova geração.




O enredo se passa em uma Tóquio devastada pela carcaça de um dragão negro selado por Ryu anos atrás. A podridão causada por sua energia corrompe a cidade, transformando-a em um campo de batalha entre clãs, demônios e corporações sombrias. Nesse cenário surge Yakumo, o novo protagonista, membro do misterioso clã Corvo  uma facção que vive nas sombras dos Hayabusa. A missão de Yakumo é simples e fatal: libertar e destruir o dragão negro de uma vez por todas. Embora a narrativa não alcance a profundidade de um épico, ela funciona perfeitamente como pano de fundo para a ação intensa, com reviravoltas dignas de um anime de alto orçamento. O roteiro adota um tom mais cinematográfico, com boas cenas de ação e um equilíbrio interessante entre drama e espetáculo. Yakumo é um protagonista menos carismático que Ryu, mas compensa com uma presença fria e determinada, que casa bem com a ambientação sombria. A história, embora tropece em seu ritmo no meio da campanha, ganha força na reta final, culminando em uma sequência de batalhas épicas e visualmente deslumbrantes. Ainda assim, fica o desejo de ver um desenvolvimento maior do clã Corvo e de alguns personagens secundários que aparecem e desaparecem sem muito impacto.




O verdadeiro destaque de Ninja Gaiden 4 está no seu sistema de combate. O jogo é uma celebração da ação pura, misturando velocidade, precisão e brutalidade como poucos. Cada confronto é um espetáculo visual e técnico, e dominar as mecânicas é essencial para sobreviver. Os ataques são rápidos e poderosos, mas exigem leitura de padrões e reflexos cirúrgicos. Diferente dos jogos anteriores, o foco agora está tanto em como você vence quanto no resultado em si  filosofia típica da Platinum. É um combate que recompensa estilo e execução perfeita, mais próximo de um balé sangrento do que de uma simples pancadaria.Uma das maiores novidades é a Blood Raven Form, habilidade que permite a Yakumo transformar temporariamente suas armas em versões demoníacas, consumindo sua própria energia vital e a dos inimigos. Essa mecânica adiciona uma camada estratégica profunda, já que usar o poder no momento certo pode mudar completamente o rumo de uma luta. É uma mistura brilhante de risco e recompensa, e visualmente impressiona com explosões de partículas e efeitos de sangue que cobrem o cenário de vermelho. Quando combinada ao Berserker Mode, o jogador entra em um frenesi devastador capaz de eliminar hordas inteiras de inimigos com golpes cinematográficos.



Os inimigos em Ninja Gaiden 4 são, sem exagero, alguns dos mais inteligentes e desafiadores já criados na franquia. Eles defendem, desviam, contra-atacam e forçam o jogador a dominar o ritmo de combate. Jogar de forma puramente ofensiva é suicídio; a defesa e o timing de esquiva são cruciais para sobreviver. O novo sistema de contra-ataque, inspirado em Metal Gear Rising, é incrivelmente satisfatório e, quando executado com precisão, transforma batalhas caóticas em espetáculos coreografados de destruição. É aquele tipo de combate que, quando dominado, faz você se sentir um verdadeiro deus ninja. Os chefes são, sem dúvida, o ponto alto da experiência. Cada um apresenta mecânicas únicas, exigindo domínio absoluto das habilidades de Yakumo e leitura precisa de padrões. As lutas são intensas, longas e visualmente arrebatadoras com destaque especial para os dois últimos confrontos, que elevam o patamar de design da série. A sensação de derrotar um chefe após dezenas de tentativas é indescritível, e é aí que Ninja Gaiden 4 brilha em sua plenitude: recompensando a perseverança e a maestria do jogador. Entre as batalhas, o jogo alterna com seções de plataforma e exploração, algo que traz ritmo e respiro à jornada. Essas partes lembram Ninja Gaiden 2, mas agora contam com ganchos, saltos acrobáticos e sequências de escalada dinâmicas que mantêm o jogador em constante movimento. Mesmo longe do combate, o jogo faz questão de lembrar que você é um ninja  rápido, letal e ágil como poucos personagens da história dos videogames.



Visualmente, Ninja Gaiden 4 é um colosso. A versão de PS5 entrega uma Tóquio futurista e corrompida, iluminada por neons, fumaça e chuva ácida, tudo rodando em 60 quadros por segundo sem quedas perceptíveis. A direção de arte é soberba e mistura o cyberpunk com o misticismo oriental, criando um contraste entre tecnologia e maldição. As partículas de sangue, o reflexo das lâminas e a fluidez dos movimentos fazem cada luta parecer uma cena de anime de altíssima produção. A trilha sonora, por sua vez, é uma combinação eletrizante de temas orquestrais e batidas eletrônicas, alternando entre o místico e o moderno com maestria. Cada fase tem uma identidade sonora própria, e as músicas de chefes são verdadeiras sinfonias da violência. É um espetáculo auditivo à altura da ação.




Um ponto digno de nota é o retorno jogável de Ryu Hayabusa, disponível em missões extras e no modo pós-jogo. Ryu é mais pesado, poderoso e direto que Yakumo, e representa uma homenagem aos fãs antigos. No entanto, sua limitação de armas e habilidades o torna menos versátil, o que acaba reduzindo o impacto de sua participação. Mesmo assim, jogar novamente com o lendário ninja é um prazer nostálgico que fecha o ciclo da franquia com estilo.

Em termos de desempenho e polimento, Ninja Gaiden 4 é sólido no PS5. O tempo de carregamento é praticamente inexistente, e o DualSense adiciona uma imersão satisfatória com vibrações adaptadas a cada golpe. Ainda assim, pequenos bugs visuais e quedas ocasionais de áudio durante cutscenes impedem a perfeição técnica. Nada que comprometa a experiência, mas perceptível o suficiente para merecer menção.

Ninja Gaiden 4 é um renascimento ousado, brutal e glorioso. É um jogo que respeita o passado enquanto traça um novo caminho para o futuro da franquia. Não é apenas uma sequência, mas uma reinvenção completa que mistura o melhor da Team Ninja e da Platinum Games. Para quem busca um jogo de ação profundo, técnico e sangrento  e não teme o desafio  este é um dos títulos mais impressionantes do PS5 até agora.


O código do jogo foi cedido gratuitamente pela Xbox Brasil e a versão de review foi feita no PS5



Desempenho9
Gráficos10
Gameplay10
Trilha Sonora8

Positivo

-Chefes memoráveis e desafiadores, com design de elite.
-Combate fluido, técnico e visualmente impressionante.
-Mecânica de Blood Raven Form adiciona profundidade estratégica.

Contra

- Pequenos bugs visuais e sonoros.

9
Nota

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